quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Sentimento



Vêem os meus olhos sem quererem se fechar,
Abrem-se os meus ouvidos para escutar melhor,
Dilatam-se as narinas par’ inspirar o ar,
Estendem-se as palmas e dedos em teu redor,
Ejaculam as glândulas sem qualquer cessar…

A ordem é aleatória,
Mas todos anseiam sua vez,
Todos planeiam, é notória,
A vontade qu’ esta me fez.

Não vou parar de te olhar,
Não vou parar de t’ atender,
Não vou parar de te amar,
Não vou parar de te querer.

findado em Valongo, 26 de dezembro de 2012

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Um dia...


Um dia, via
Que queria
Daquilo que lia
Entr'o que escrevia
Que talvez seria
O que me arrefecia
Pois trabalharia
E pouco ou nada viveria.
Uma noite...
O sonho põe-te
Separado por uma ponte
Entr'o nada e o monte
Entr'o tudo e o conto
Quem escolhe? Ela, ponto.

Porto, 12 de setembro de 2012

sábado, 14 de abril de 2012

Taizé


Na cidade expurgada de comunhão,

Cresce a heterogeneidade do ser irracional.

Na cidade expurgada de comunidade,

Cresce a solidão competitiva.

Nesta cidade globalizada,

Cada ser encontra-se no seu próprio universo,

Cada ser perde-se em si mesmo,

Cada ser arrasta-se pela sua materialidade.


É, pois, uma cidade condenada,

É, pois, uma terra árida,

É, pois, uma promessa devastada.


Naquela aldeia, aduba-se sentidos,

Semeia-se simplicidade,

Rega-se cristalinidade,

Renascendo esperança

Pela colheita casta,

Expectando-se o desconhecido sabor,

Provando-se o, ainda, sal presente

De um futuro crente.


Porto, 14 de Abril de 2012