sábado, 5 de setembro de 2015

Subliminar


Bem-aventurados os instintivos,
Porque sentem sem pensar.
Felizes os despreocupados,
Por viverem o presente.
Afortunados os desregrados,
Por predarem os seus sonhos.

De tanta consciência se pensa o Homem,
Mas de tanto desconhecimento se o faz.
Entre a clareza e o rigor do que dizemos “ámen”,
Reina a efetiva anónima raiz.

A explicação é exigida
E a razão apronta-se para apresentá-la,
Nem que para isso tenha de inventá-la,
Nem que para isso tenha de acreditá-la.

Eis a consciência crente inocente,
De que sabe tudo sem saber,
O verdadeiro motivo do seu viver.

Porto, 5 de setembro de 2015

quinta-feira, 19 de março de 2015

Presságio intemporal


Há lá presságio mais ousado,
Há lá um assim intemporal!?
É, pois, preciso ser-se casado,
Com tamanha unidade plural.

Concede o tempo tempo ao casal,
Tempo para o não, até p’ra o “nim”!
Porque escrito parece estar sim,
Seja qual for e se existir fim.

Será ele mesmo amado?
Por mais cega esta razão,
Soltem a inconsciência;

Chega de s’achar atado!
Abram lugar à paixão!
E rompam essa ciência!

Cada vez mais prontos,
Parecem uns tontos,
Estes dois sem pontos.


Lisboa-Porto, 18 de março de 2015