quarta-feira, 16 de setembro de 2020

A normalidade da anormalidade


Anseio pela ansiedade de ansiar 
O sentimento de sentir o poder sentir,
A vontade de me perder perdidamente à vontade,
Sabendo que não sei quem sou, nem para onde vou.

Procuro sem procurar encontrar-me,
Na imensidão do vazio do ser,
Desejando desajar o desejo,
Que me faça desfazer quem sou e para onde vou.

Pergunto, a quem posso, perguntas,
Como se perguntar o que pergunto,
Àqueles que não eu soubessem
Aquilo que me dirá quem sou e para onde vou.

Quero simplesmente querer crer,
Que no meio deste nada infinito,
Tudo é possivelmente certo e determinado,
Não interessa pensar em pensamentos pensados,
Respeitando-se a obdiência à anormalidade da norma.


Sacavém, 3 de setembro de 2020

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